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Diário Liberdade
Quinta, 13 Julho 2017 14:18 Última modificação em Segunda, 17 Julho 2017 23:27

Plebiscito: a “nova” manobra golpista na Venezuela

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País: Venezuela / Resenhas / Fonte: Aporrea

[Anisio Pires*, Tradução de Eliane Silveira] Para começar, o plebiscito que a oposição venezuelana pretende realizar no domingo, 16 de julho, não tem nada de novo. Como manobra já tinha sido usada no país, em 1957.  Por quem? Pelo ditador Marcos Pérez Jiménez.  Várias décadas depois foi usado também, no Chile, em 1988, pelo ditador Augusto Pinochet. Quanta coincidência, não é mesmo?

Ambos os plebiscitos foram derrotados da mesma forma que será derrotado este promovido pela direita venezuelana. Nossos aspirantes locais a ditadores escolheram um mau precedente, que será ignorado pelo povo. Só voltarão a confirmar que politicamente são torpes e incapazes. Em linguagem popular, são uns políticos picaretas.

Como mecanismo de consulta ao povo, o plebiscito NÃO EXISTE!  Não está previsto na Constituição venezuelana.  Trata-se de algo muito suspeito de uma oposição que se contrapõe a Constituinte convocada pelo Presidente Maduro sob o argumento de que está a defender a atual Constituição.  Quando Chávez chamou o referendo, em 1999, para aprovar a Constituição vigente, a direita se opôs e votou “não”. Agora, curiosamente, se convertem nos guardiões de uma Constituição que não contou com os seus votos para ser aprovada.

A oposição venezuelana nega a Constituinte, claramente prevista nos artigos 347, 348 e 349 de nossa Constituição, e ainda inventa um plebiscito. Termo este que nem sequer é citado no texto constitucional.  O que é isto?

Se trata, nada mais e nada menos do que uma desesperada e perigosa cortina de fumaça, com a qual tentarão legitimar e encobrir as ações terroristas que colocarão em prática a partir deste domingo, buscando uma milagrosa recuperação das ruas que perderam. A imensa maioria do povo venezuelano rechaça taxativamente a violência terrorista com a qual a direita tem enchido de sobra o dia a dia dos venezuelanos há vários meses.

O desespero da “proposta” de plebiscito, se é que se pode chamar assim, fica claro pela maneira improvisada como foi apresentada ao país. Um Júlio Borges (Presidente ilegítimo do Congresso) lendo seu discurso como amargado tribuno, com um coral de dirigentes da “Unidade” às suas costas, que mais se parecia com uma missa de velório. Para arrematar, tiveram a idéia de fazer sua apresentação em uma sala de teatro, quando se sabe que até mesmo para encenar um pequeno esquete é preciso, ao menos, um pouco de ensaio. É o que, em termos profissionais, chamamos de seriedade. Algo que a direita venezuelana desconhece o significado.

Mas a farsa e a burla desta gente não para por aí. Estão vendendo o plebiscito como uma “consulta democrática”, quando, na realidade, não passa de uma má, tendenciosa e manipulada votação controlada e dirigida por eles mesmos.  Esta falsa consulta, na melhor das hipóteses, abarcará alguns milhares de venezuelanos, tal como revelou o Prefeito de Caracas, Jorge Rodriguez, em entrevista ao jornalista Vladimir Villegas.

Em contraposição, são vários milhões os venezuelanos habilitados a votar na Constituinte, no dia 30 de julho – de forma livre, secreta e universal, segundo dados do Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Que tal? Uma “pequena” diferença não é mesmo?

No entanto, esta manobra envolve alguns perigos, que não devemos subestimar, como ficou revelado no discurso do deputado da direita  Juan Requesens (Partido Primeiro Justiça), realizado na Universidade Internacional da Flórida, nos Estados Unidos, no último dia 5 de julho. Mesmo deixando uma incógnita sobre o tipo de ações que levariam a cabo a partir deste plebiscito, este deputado, abertamente golpista, enfatizou que eles não podem permitir que se chegue ao dia da votação da Constituinte (30 de julho), “sem que haja uma paralisação absoluta da vida cotidiana das pessoas”. Ou seja, o deputado Requesens nos promete mais e mais ações terroristas, sem ocultar que o objetivo da oposição é “agudizar a crise” para promover um cenário de ingovernabilidade até que chegue a “Hora H”. O que podemos traduzir deste discurso? O aumento da escalada de violência e a intervenção militar estrangeira tal e qual o soube pronunciar este deputado: “Para chegarmos a uma intervenção estrangeira teremos que passar esta etapa de violência. Ou não? Isso está claro”.

Portanto, todos os venezuelanos e venezuelanas que se sintam patriotas, independente de suas posições políticas, devem denunciar o caráter golpista e intervencionista desta manobra opositora, que alegando a defesa da democracia e da liberdade, pretende propiciar um macabro banho de sangue entre irmãos de uma mesma terra.

Por fim, é bom lembrar aos falsificadores de pesquisas, as recentes palavras da reitora do Conselho Nacional Eleitoral, Socorro Hernández: “Quem propicia consultas sem o CNE, usurpa funções e por isso será penalizado”.

Não ao plebiscito golpista, instrumento das ditaduras.

Sim à Constituinte, instrumento soberano dos povos.

* Anisio Pires é Cientista Social pela UFRGS.

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