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Diário Liberdade
Sexta, 19 Outubro 2018 16:00 Última modificação em Quarta, 31 Outubro 2018 14:54

De Miami a Vallegrande

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País: Cuba / Direitos nacionais e imperialismo / Fonte: Granma

[Francisco Arias Fernández] Depois de 51 anos da morte de Che Guevara, sabe-se que no seu assassinato e de seus companheiros foram responsáveis Gustavo Villoldo Sampera, Félix Ismael Rodríguez Mendigutía e Julio Gabriel García García, que receberam treinamento militar em bases estadunidenses para cometer atos vergonhosos como este

A presença de um grande grupo de agentes da Agência Central de Inteligência (CIA) de origem cubana infiltrados no Ministério do Interior da Bolívia, para fazer guerra contra a guerrilha do Comandante Ernesto Che Guevara e dirigir as ações criminais contra a esquerda, foi recentemente ratificada pelas revelações de um colaborador profundo dos Estados Unidos, que serviu como chefe dos Serviços de Inteligência da Bolívia e do Departamento Técnico da CIA em La Paz, entre 1964 e 1968.

No documentário intitulado Operação Gaveta 1964-1968, a CIA na Bolívia, testemunho do agente da CIA Ricardo Aneyba Torrico, este afirma que «os gringos eram os que comandavam na Bolívia, que todo o terceiro andar do Ministério do Governo estava manejado pelos cubanos de Miami, pelos opositores, oficiais e agentes da CIA».

A pesquisa histórica realizada pelos médicos cubanos Adys Cupull e Froilán González, contribuía com elementos nesse sentido recolhidos nos livros La CIA contra el Che (A CIA conta Che Guevara)e Sin Olvido crímenes en La Higuera (Sem esquecimento crimes em La Higuera), onde se assevera que estão registrados não menos de 12 agentes da CIA, de origem cubana, com nomes e sobrenomes falsos e alguns com histórico de terroristas.

Apontam que no assassinato de Che Guevara e seus companheiros tomaram parte ativa três deles: Gustavo Villoldo Sampera, Félix Ismael Rodríguez Mendigutía e Julio Gabriel García García, que têm em comum proceder da máfia terrorista anticubana, ter recebido treino militar em bases estadunidenses; fazer parte da folha de pagamento da CIA que os preparou em técnicas de infiltração, interrogatório, tortura, manuseio de explosivos, interceptação de correspondência, comunicações telefônicas e perseguição de pessoas.

Também os une ter sido incluídos de alguma forma nos registros policiais por implicações ou escândalos de tráfico ilícito de drogas em diferentes partes do mundo, incluindo países e regiões onde cumpriram missões criminosas em nome da CIA e dos Estados Unidos. No entanto, a evidência nunca foi «suficiente» e sempre saíram ilesos perante a justiça norte-americana.

Um rápido percurso pelo caminho do agente Gustavo Villoldo o coloca em 1959 como colaborador da polícia de Fulgencio Batista; um ano depois foi recrutado pela CIA para agir contra Cuba e dois anos depois já era agente principal dos grupos de infiltração e sabotagem. Na Bolívia, participou do interrogatório e tortura de presos, publicamente gabou-se de ter chutado e esbofeteado o corpo de Che Guevara e da decisão de cortar suas mãos.

Do Brasil e do México coordenou planos de ataque contra funcionários diplomáticos cubanos, foi enviado como agente de tortura ao Vietnã pela agência e a Honduras para a guerra suja contra a Nicarágua.

Em 1978, o FBI tinha exposto à CIA argumentos e evidências de seu envolvimento no tráfico de drogas e que um teco-teco próprio tinha desaparecido com dois tripulantes de origem cubana, ligados ao tráfico de drogas ilícitas. Foi protegido pela CIA e descartaram a evidência. Cinco anos depois, estabeleceu um negócio de venda de frutos do mar, que foi denunciado como uma fachada para encobrir a continuidade de seu negócio de narcóticos, ligado à máfia.

Ele frequentou Fort Benning, na Geórgia, para um curso de treino militar que compartilhou com os terroristas Luis Posada Carriles, Jorge Mas Canosa e Félix Rodríguez.

Em relação a este último terrorista falsamente chamado Félix Ramos, nascido em Cuba em 1941, foi educado por seu tio José Antonio Mendigutía Silvera, ministro das Obras Públicas de Fulgencio Batista e um de seus colaboradores mais próximos.

O «Gato» Félix, como também era conhecido entre os traficantes de Miami e agentes da CIA, antes de deixar de Cuba em 1960, tinha estudado na Academia Militar de Havana; chegou à Flórida, foi recrutado pela agência e enviado ao Canal do Panamá para receber treinamento terrorista. Sua primeira proposta foi um plano para assassinar o Comandante-em-chefe Fidel Castro Ruz e imediatamente envolveu-se na infiltração de equipamentos e explosivos para sabotagem, bem como suprimentos para a contrarrevolução interna para apoiar a invasão da Baía dos Porcos. Um mês depois da derrota esmagadora, asilou-se em uma embaixada, de onde partiu para Caracas, Venezuela, e depois viajou aos EUA.

Félix Rodriguez foi precisamente o agente da CIA que às 10h00 do dia 9 de outubro de 1967 recebeu a mensagem cifrada de seus patrões com a ordem para assassinar Che Guevara e comprometeu-se a aplicá-la passadas as 13h00 daquele dia, depois de tentar interrogá-lo, maltratá-lo e dizer-lhe que ia matá-lo, atitude covarde que até os próprios soldados bolivianos repudiaram. Pesquisadores dizem que «o agente da CIA também disparou contra o corpo de Che Guevara».
Com seu endosso de assassino, foi estimulado com a cidadania estadunidense; a CIA o enviou ao Peru em 1968 para ministrar aulas de inteligência e patrulha a uma unidade de paraquedistas; foi enviado para o Vietnã do Sul torturar e interrogar prisioneiros, e condecorado pela agência com a «Estrela ao Valor».

Durante a década de 1980 foi utilizado em operações e guerras sujas dos EUA no Uruguai, Argentina, Brasil, Costa Rica, Honduras, Guatemala, El Salvador, Chile, Nicarágua e apareceu envolvido no escândalo conhecido como o caso Irã-Contras, acusado de envolvimento no tráfico de armas e drogas em conluio com a CIA e os ‘contras’ nicaraguenses.

Suas últimas imagens públicas o colocam na Cidade do Panamá, durante a Cúpula das Américas, fugindo e entrando em um microônibus perante a resposta popular às suas provocações junto com outros mafiosos e terroristas.

De acordo com as investigações de Froilán Gonzalez e Adys Cupull, o agente da CIA que decidiu cortar as mãos de Che Guevara se chamava Julio Gabriel García García, nascido em Havana em 1928, um homem com delírios de grandeza e alucinações que trabalhou no polícia fascista de Francisco Franco, na Espanha, e depois na polícia secreta de Batista. Foi aquele que no triunfo da Revolução transferiu parte dos arquivos do Bureau de Repressão às Atividades Comunistas (BRAC), onde era instrutor, para a embaixada dos Estados Unidos para sua posterior transferência àquele país.

Na Bolívia, instalou-se no prédio do Ministério do Interior e ocupou quase toda a área do terceiro andar e absorveu o Serviço de Inteligência para seus propósitos. Participou do interrogatório e tortura de camponeses, líderes sociais e guerrilheiros, usando a violência de maneira selvagem, até mesmo lançando guerrilheiros de um helicóptero.

Por sua folha de serviço sangrenta também recebeu a cidadania norte-americana, o que considerou «a mais alta honra» de sua vida. Depois assessorou ditaduras militares na América Latina e acabou envolvido em um escândalo de drogas a serviço da máfia de Miami com uns guianenses, que terminou com uma batida do FBI em sua residência e uma arma em sua boca. O susto causou-lhe um pré-infarto, adoeceu e acabaram amputando-lhe as duas pernas.

Villoldo e Rodriguez foram dos poucos que assistiram ao funeral e tiveram que apoiar a viúva para pagar os custos, já que esta reclamava que a CIA o abandonou e para nada valeram os 22 anos na agência.

Depois de 51 anos daqueles fatos, o Che Guevara imortal, latino-americano e universal ilumina um futuro otimista e rebelde contra a injustiça e crimes dos mafiosos e agentes de hoje, que como os de ontem, não têm outro futuro que o desprezo, a condenação e o esquecimento.

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