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Diário Liberdade
Sexta, 30 Novembro 2018 10:56 Última modificação em Domingo, 09 Dezembro 2018 14:13

Partido Comunista do México reafirma luta dos emigrantes e da classe trabalhadora como uma única luta

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País: México / Laboral/Economia / Fonte: Resistir

PCM declara "solidariedade com os trabalhadores migrantes".

As políticas capitalistas favorecem a migração. Milhares de trabalhadores e suas famílias veem-se atraídos por projetos imobiliários no noroeste e em outros pontos do México; nos chamados megaprojetos, que a partir dos monopólios e do novo governo são promovidos em toda a zona sul do território nacional; nas Zonas Económicas Especiais que tanto na fronteira sul como na norte já são consideradas. Relativamente a esta última deve considerar-se a forma como a burguesia favorece o tráfico ilícito através de organizações ad hoc e o constante fluxo de força de trabalho que lhes permite esmagar as condições gerais de trabalho de toda a classe trabalhadora, favorecem maiores margens de lucro e aumentam as pressões sociais que ameaçam os trabalhadores ativos. O desenvolvimento desigual do capitalismo concentra a riqueza em determinados pontos e classes sociais, ao mesmo tempo que se veem exemplos mais incríveis de miséria noutros pontos e outras classes e setores sociais.

A burguesia, os monopólios e seus partidos, dos chamados neoliberais aos social-democratas, não podem oferecer aos trabalhadores migrantes outra coisa senão precariedade, extorsão, marginalização, miséria, residências temporárias sem direitos laborais efetivos, racismo, xenofobia, doenças. hostilidade, tráfego, sequestro, indignação ou desilusão.

Denunciamos o palavreado anti-imigrante e a criminalização dos trabalhadores forçados a abandonar os seus países de origem. Denunciamos todas aquelas vozes e ações que reivindicam impor os interesses dos capitalistas através das suas exigências de que o caravana se cinja à legalidade e à ordem. Não nos esqueçamos de que, nas câmaras legislativas, o futuro governo de unidade nacional, através de uma aliança das bancadas parlamentares de Morena-PRI, anulou os apelos para respeitar os direitos humanos dos migrantes no meio de um coro criminoso contra eles.

Morena e Andrés Manuel López Obrador contribuíram muito para esta situação de ataque anti-imigrante. Durante 12 anos insistiram e encorajaram um discurso supostamente em defesa da soberania nacional, pleno de nacionalismo no qual o que conta é o país, a nação. Eles fazem os trabalhadores e trabalhadoras acreditarem que falam no seu interesse, mas na realidade falam sempre da grande nação burguesa, do interesse dos grandes empresários mexicanos, etc.

No seio deste discurso burguês, todos os tipos de expressões agora se alimentam e convergem, incluindo o tom fascista. Como aquelas diatribes e expressões criminosas que descrevem a caravana centro-americana como uma invasão e ataque à soberania nacional; esse apelo à civilidade para não afetar "a nação", opondo-se aos acordos com os representantes dos monopólios nos Estados Unidos e, especificamente, aos latidos de Trump sobre não permitir que os migrantes toquem o solo dos EUA; e para todos aqueles que lançam ataques racistas justificados na defesa do interesse nacional mexicano. Os monopólios falam por todos eles. E tanto na velha como na nova social-democracia, os elementos fascistas são cozinhados, com ou sem linguagem "esquerda".

Todas as acusações, linchamentos morais e abusos contra migrantes não se destinam a impedir sua entrada em países onde possam encontrar oportunidades de emprego ou buscar asilo. O propósito deste ensurdecedor coro nacionalista é ajoelhar os migrantes; agitar os instintos mais baixos da classe trabalhadora nos países recetores; dividindo os trabalhadores em função da nacionalidade com calúnias, colocar todos os migrantes em condições de maior assédio, ilegalidade, ansiedade, sigilo e isolamento; favorecer medidas de maior exploração e precariedade por parte dos capitalistas; aumentar a sua vulnerabilidade em relação a toda a classe de empregadores; desviar a atenção das verdadeiras causas da crise capitalista e do agravamento sistemático da situação de vida das massas e setores populares.

A suposta benevolência e solidariedade proclamadas pelo presidente eleito, Andrés Manuel López Obrador, e a futura secretária do Interior, Olga Sánchez, não são estranhas ao que salientamos. Seus apelos para recebê-los de abraços abertos, as ações que se propõem protegê-los e apoiá-los, oferecendo-lhes um posto de trabalho na construção da Ferrovia Maia e no corredor trans-ítimico; nas projetadas novas refinarias; nos complexos empresariais nas Zonas Económicas Especiais; nas construções na fronteira norte, é o capitalismo imobiliário a esfregar as mãos em detrimento dos migrantes. Esconder-se atrás dos gestos da humanidade burguesa que em todas estas áreas, projetos e circunstâncias, os trabalhadores migrantes serão explorados até morrer.

Sem o direito de se sindicalizarem, sem direito a uma permanência estável, mas a simples permissão de trabalho temporário e com a autoridade do Estado para suspendê-los quando desejarem, com precarização, com salários ainda menores. A política de migração do novo governo não se distingue nem se distinguirá do pano de fundo da política burguesa do governo de Enrique Peña Nieto contra as ondas passadas de migrantes centro-americanos e o fluxo migratório haitiano de 2016. As expressões classistas dos representantes de Morena, pedem à caravana migrante para não cruzar "seus estados de origem" não são diferentes das opiniões liberais do PAN. Eles parecem diferentes, mas no fundo não o são.

Nos Estados Unidos, a mesma coisa acontece. Enquanto o discurso dos republicanos e de Trump parecem diferenciar-se muito do discurso dos Democratas (discurso que agora inclui gostosamente a decisão da Social Democracia na Cidade do México), as leis americanas e costumes da burguesia norte-americana fecham a porta à chegada de migrantes para puderem ser explorados, mas com o mínimo de custo a ser pago pelos monopólios.

Seja o que for dito, todo trabalhador, trabalhadora, trabalhador migrante pode solicitar asilo. Tem direito a um número de seguro social, a trabalhar, a comprar. O que ele não tem direito, como nenhuma outra classe trabalhadora, é a certeza de seu futuro. Sua estada nos EUA pode não ser autorizada, mas os capitalistas vão espremê-la como força de trabalho não documentada. A longo prazo espera-se a deportação, a ruína, o resto são exceções. Quantos casos há de trabalhadores ou trabalhadoras com 30 ou 40 anos de trabalho nos EUA que um dia são expulsos do seu país de chegada, perdendo tudo da noite para o dia? Repetimos, a burguesia é criminosa e com moral dúplice. Agitar, reprimir, criminalizar, agredir, assaltar, mas colocar toda a classe trabalhadora cada vez mais à sua mercê, a gosto e conveniência.

Por outro lado, estendemos aos migrantes que passam pelo México a mais sincera solidariedade proletária, que deve sobretudo manifestar-se em factos, nos pontos geográficos onde o partido tem uma presença, para as diversas caravanas centro-americanas de migrantes, incluindo mães com filhas e crianças desaparecidas, em sua jornada e estadia entre o México e os Estados Unidos. Sabemos que é uma circunstância de décadas. Milhares de jovens e idosos sacrificados em benefício da produção ou atividade associada ao lucro capitalista, mortos em segredo, forçados a trabalhar em campos agrícolas ou transferência de bens, explorados e exploradas no campo do turismo ou da oferta sexual.

Os capitalistas e seus governos negam ou omitem tais factos. Nós nos opomos – tal como em casos de milhares de desaparecimentos internos e forçados em Sinaloa, Chihuahua, Baja California, Estado de México, Guerrero, Michoacán, Veracruz, entre outros – incluindo tanto a política manifestamente criminosa dos monopólios durante o governo Enrique Peña Nieto como a política de unidade nacional do novo governo social-democrata, o da "quarta transformação" liberal, manifestada também no propósito criminoso de dar continuidade à impunidade pelo eufemismo de 'perdoado, mas não esquecido'.

Exigimos e acompanhamos a luta pelo esclarecimento, busca, apresentação e reparação tanto ao Estado mexicano como aos EUA em relação aos pais e familiares desaparecidos. Neste ponto, a comunidade de interesses entre a classe trabalhadora e os sectores populares de todos os países envolvidos é evidente e a possibilidade de fortalecer laços nesse propósito é mais do que necessária.

Onde quer que os irmãos e irmãs da América Central vão, é necessário mostrar nossa maior solidariedade, apreciação e compreensão. Sem que isso seja reduzido ao catálogo humanista da burguesia: doação de roupas, abrigo, cortes de cabelo, comida de 1 ou 2 dias, etc. Mas deve incluir tudo o melhor que podemos oferecer como trabalhadores, trabalhadoras e comunistas, mas também considerar sempre a conversa, a denúncia, a agitação e a nudez dos capitalistas de corpo inteiro. Para os deste país, para os da América Central, os EUA, etc.

O interesse dos migrantes é o nosso interesse como classe: abrigos confortáveis; casas de banho públicas a baixo custo e ou gratuitas; rede de cantinas populares com comida nutritiva; autocarros confortáveis para transporte; hospitais que atendam a todos para além dos requisitos burocráticos; planeamento e construção de novas conjuntos hospitalares públicos; prioridade e atenção diferenciada para crianças e idosos; direito efetivo de asilo; direito efetivo de deixar qualquer país, inclusive o seu, com as garantias que cada Estado deve observar; direito à naturalização e não apenas a mecanismos vantajosos para empresários e monopólios; direito de residência permanente; sindicalização por via dos factos; exigência de direitos laborais, organização como classe, independentemente da nacionalidade de origem. Nada disso vai vir de qualquer governo capitalista, seja presumível herdeiro "glórias" do liberalismo do século XIX e da social-democracia internacional. É uma tarefa que também une toda a classe trabalhadora num conjunto de propósitos compartilhados. E estabelece o padrão para a liberdade definitiva de toda a classe trabalhadora.

Proletarios de todos os países, uni-vos!
Comissão Política do Comité Central do
Partido Comunista de México

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