A lógica da moradia no Brasil não é atender à população que precisa de habitação, mas sim atender ao lucro das grandes construtoras e da especulação imobiliária, disse Boulos.
As construtoras têm uma enorme influência nas decisões da política urbana, uma vez que financiam campanhas milionárias da maioria dos partidos políticos, completou.
Além disso, milhões de habitações ou terrenos por todo o país estão vazias ou ociosas e não cumprem sua função social, mesmo que esta seja estabelecida na Constituição. "A ocupação faz com que ela cumpra essa função", disse.
São mais de sete milhões de moradias inabitadas no Brasil, e mais de seis milhões de famílias sem teto. Isso significa que não seria nem preciso construir novas habitações, apenas desapropriar e distribuir as propriedades ociosas.
"De um lado, tem muita gente sem casa. De outro, muita casa sem gente", constatou. "Ocupar não é uma escolha, mas uma falta de escolha. Quando morar torna-se um privilégio, ocupar não é só um direito, é um dever", concluiu Boulos.
A mensagem foi divulgada três dias antes da catástrofe da madrugada do dia 1º de maio, quando um prédio de 24 andares pegou fogo e implodiu, deixando ao menos uma pessoa morta, no centro de São Paulo. O local estava ocioso e há alguns anos era ocupado por movimentos de luta por moradia, no Largo do Paissandu. Nas proximidades, totalizam oito o número de imóveis ocupados por famílias que não têm onde morar.