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Diário Liberdade
Terça, 11 Abril 2017 16:44 Última modificação em Quinta, 13 Abril 2017 19:20

Trump foi de zero a herói, no establishment pró-guerra

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País: Estados Unidos / Batalha de ideias / Fonte: Russia Today

[Neil Clark, Tradução do Coletivo Vila Vudu] O falecido primeiro-ministro britânico Harold Wilson disse certa vez que, em política, uma semana é muito tempo. A verdade de sua frase foi provada mais uma vez, e muito espetacularmente, ao longo dos últimos sete dias.

No domingo, semana passada, o presidente Trump era odiado pelo 'extremo-centro' político e pelas mídia-empresas do establishment nos EUA, no Reino Unido e no resto da Europa.

Era doido. Mentalmente instável. Fantoche dos russos. Sexista incurável. Sem condições mínimas para ser presidente. Obama era muito, muito melhor – que lástima ter sido obrigado a sair.

Pois hoje... Trump está sendo louvado como grande líder. Sem igual. E o tal predecessor, o 'fraco', volta a dormir na casa do cachorro. O que provocou essa dramática virada? A virada dramática de Trump, sobre a Síria.

Nesse tuíto, fala a União Europeia (Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu), bem amada de tantos liberais, sobre o grande crime de guerra de Trump. A UE adorou!

Ao ordenar ataque com mísseis cruzadores contra um estado soberano cujo governo os liberais globalistas querem alucinadamente derrubar, Trump virou ícone do lobby pró Guerra Perpétua. Agora, é saudado como "perfeito presidente". Evaporaram os temores de que viesse a agir como isolacionista tipo "Primeiro os EUA" e de que derrubasse os lucros do complexo industrial militar. Trump está fazendo o que Hillary Clinton e John McCain 'exigiam' que fizesse. "O Donald", espião russo sexista desavergonhado? Oh, não se preocupe com isso! Tudo brincadeirinha!

Na Grã-Bretanha, os 'progressivistas' do [partido] Nu [novo]Labour, que passaram os últimos seis meses atacando Trump, o doido, vociferando contra o caráter do homem e respectivas políticas de imigração, hoje o veem sob luz muito mais favorável.


Joe Cook (@joecooknow) April 7, 2017
@jessphillips do Labour alinhada com Trump, Fallon & Netanyahu. O que poderia dar errado?! #Airstrikespic.twitter.com/1OdEsiV5Gt]


Em fevereiro, a deputada do Labour anti-Corbyn Jess Phillips declarou que o presidente dos EUA era "predador sexual declarado", mas na 6ª-feira, depois de O Donald ter ido à guerra, ela já retuitava elogios às ações do já então ex-'predador social declarado'.

Quando Trump foi eleito em novembro, o líder liberal-democrata Tim Farron chorava a morte de 'valores liberais de moderação' e 'respeito à lei', os quais, antes de morrer, perderam a eleição nos EUA. Em março esbravejava contra a primeira-ministra Theresa May por ter a mesma "agenda nacionalista agressiva" de Trump (e de Putin e de Le Pen). Hoje, o mesmíssimo Tim Farron já aparece em colunas assinadas em jornais até ontem furiosamente anti-Trump, manifestando seu apoio entusiástico ao ataque ilegal que o presidente dos EUA ordenou contra a Síria.

Valores liberais de moderação? Respeito à lei? Não se sabe como seriam mantidos com matança absolutamente ilegal de civis em resposta a ataques com armas químicas sobre os quais o governo sírio negou que tivesse qualquer responsabilidade.

A hipocrisia dos 'progressivistas' que odiavam Trump antes de 7 de abril e agora o elogiam por ter atacado com mísseis numa "causa humanitária" é realmente excepcional!


Eoin Clarke (@LabourEoin) April 7, 2017
Praticamente todos os deputados saudaram com festas as bombas de Trump que mataram 9 civis na Síria //diarioliberdade%40gmail%Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.:993/fetch%3EUID%3E/pic.twitter.com/jgpejpEf5u">são os mesmos que votaram contra a suspensão de vendas de armas para a Arábia Saudita


Como o Dr Eoin Clarke mostrou, há ampla coincidência entre os deputados que aplaudem os Tomahawks de Trump e os que impediram que a venda de armas à Arábia Saudita fosse suspensa, por causa do bombardeio contra o Iêmen em outubro, na votação de uma moção do Labour, apoiada por Jeremy Corbyn que é genuíno humanista humanitário.

Assim, como Glenn Greenwald mostrou em sua excelente coluna para o Intercept, vimos mais uma vez essa semana que, como sempre, a mídia-empresa na Terra dos Livres "converte-se instantaneamente em mídias estatal", no instante em que os mísseis começam a zunir.

Todos os comentaristas da mídia e dos veículos 'liberais' nos EUA que não faziam senão atacar Trump 24h/dia, 7 dias por semana repentinamente mudaram de toada. Agora temos um Presidente de Guerra que tem de ser apoiado! Todas as vozes anti-Trump têm de ser silenciadas!

"Todos que discordam da campanha de bombardeio – que se opõem àqueles objetivos e não veem seus méritos – foram quase totalmente varridos, desapareceram" – observa Greenwald.

O âncora da rede MSNBC Brian Williams não conseguia disfarçar seu entusiasmo. Descreveu como "belas" as cenas dos mísseis dos EUA sendo disparados.

(Tentem, leitores, imaginar se algum âncora de programa de notícias dessa rede RT tivesse dito o mesmo sobre vídeo de ataques russos contra alvos do ISIS).

Na CNN, apelidada "Rede Clinton de Notícias", por causa da cobertura obcecadamente hostil a Trump, Fareed Zakaria declarou: "Afinal, ontem à noite, Donald Trump tornou-se presidente dos EUA" – referindo-se ao ataque dos EUA contra a Síria.

É o mesmo Fareed Zakaria que, ainda em março passado, disse que Trump passou a vida inteira "fazendo merda" [ing. "bullshitting"]. Pois apenas um mês depois, Zakaria já acreditava de todo o coração nas 'merdas' que o artista produzia, quando se tratava de culpar o governo sírio pelas mortes por armas químicas.

Até o neoconservador Bill Kristol, editor de Weekly Standard e talvez o mais consistente crítico de Trump em toda a mídia... fez giro de 180º – e já declarou seu apoio a Trump no Twitter.


Bill Kristol (@BillKristol) April 6, 2017
Se o pres. Trump tomar as medidas apropriadas contra Assad, claro que esse #TrumpNunquista o apoiará. É o presidente, não meramente "Trump."


E em outro tuíto, Kristol foi suficientemente honesto para revelar qual é o prêmio máximo pela derrubada de Assad: mudança de regime no Irã.

Enquanto as ações da marca Trump subiam (como subiram as ações da Raytheon, fabricante dos mísseis Tomahawk) com a propaganda que recebia do incansável lobby pró-guerra, a marca Obama despencava no mercado. Obama foi atacado por não fazer valer sua 'linha vermelha' na questão das armas químicas usadas na Síria em 2013, e por sua aproximação com o Irã, aliado da Síria.

Outra destacada figura disse que o ataque químico em Idlib seria "uma consequência da fraqueza do governo anterior. "A mesma destacada figura contudo, exigia, em 2013, que Obama não atacasse a Síria. "O que estou dizendo é fique longe da Síria. A única razão pela qual o presidente Obama quer atacar a Síria é livrar a própria cara, depois daquela fala idiota sobre LINHA VERMELHA. Não ataque a Síria, conserte os EUA."

Quem foi essa destacada figura? Ora, Donald Trump!

Ao mesmo tempo em que o Donald boneco de molas viu-se de repente cercado de incontáveis amigos desde 6ª-feira, os que esperaram – talvez ingenuamente – que seu governo marcaria um fim das operações ilegais de mudança de regime por ação dos EUA sentem-se terrivelmente desiludidos. Mas não se preocupem com essa gente. Não passam de 'extrema direita'.


Bill Kristol (@BillKristol) April 8, 2017Punir Assad pelo uso de armas químicas é bom. Mudança de regime no Irã é o prêmio.


"Os apoiadores de extrema direita de Trump viram-se contra ele depois dos ataques na Síria" – lia-se no New York Times.

"A decisão ainda perturba grupos da Extrema Direita" – foi a 'notícia da rede NBC News.

O extremo-centro adora rotular todos os que se oponham às políticas de 'intervencionismo liberal' e guerra sem fim, como se fossem alguma "extrema direita". Mesmo que muitos desses opositores sejam socialistas, verdes ou comunistas. Por outro lado, os que apoiam ataques regulares contra estados do Oriente Médio são rotulados como "moderados."

Vivemos em mundo realmente Orwelliano, no qual os que se arriscam felicíssimos a uma 3ª Guerra Mundial para livrarem-se de um governo secular na Síria são apresentados como "prestigiados colunistas especialistas", e os que se opõem a essa loucura são marginalizados.

Os eventos dos recentes últimos sete dias mostraram o embuste foi, sempre, o ataque incansável de difamação contra Trump, pelo Establishment. O Donald foi retratado como 'excluído' da corte de Washington, não porque aquela elite neoconservadora/de esquerda fake estivesse genuinamente preocupada por os EUA terem presidente sexista ou racista, mas porque temiam que não viesse a ser Presidente de Guerra e pró-mudanças de regime pelo mundo.

Agora que Trump disparou mísseis contra Assad, tudo lhe foi perdoado.

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