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Diário Liberdade
Quarta, 21 Junho 2017 16:35 Última modificação em Domingo, 25 Junho 2017 12:27

Apesar da Rússia, a Organizaçom de Cooperaçom de Xangai (OCS) rejeita entrada do Irám

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País: Irão / Direitos nacionais e imperialismo / Fonte: Blog de Nazanin Armanian

[Nazanin Armanian, traduçom do Diário Liberdade] Sem dar nengumha explicaçom e diante do assombro da delegaçom iraniana, a China rompia a sua promessa a Teerám, recusando o seu pedido de se converter em membro de pleno direito da Organizaçom de Cooperaçom de Xangai (OCS), que realizava a sua cimeira a 11 de junho em Astaná.

 Moscovo também parecia surpreendido. Pudérom influir nesta decisom o aumento da tensom no Golfo Pérsico, a formaçom de umha OTAN sunita, a misteriosa ameaça-plano dos EUA de um "mudança de regime do Irám" a partir do interior?

A OCS, formada pola China, Rússia e os países centroasiáticos cujos nomes terminam em "stám" [sufixo que significa "local de habitat", do verbo indoeuropeu "astan" em persa, ou "estar" em galego-português], exceto o Turquemenistám, admitiu em troca para o Paquistám e a Índia. Agora representará 3.000 milhons de pessoas e quatro estados armados com bombas nucleares.

Teerám tinha depositado toda a sua esperança na OCS, como umha possível garantia da sua segurança, frente às ameaças dos EUA, Israel e Arábia, e isso apesar de a China e a Rússia terem apoiado no Conselho de Segurança todas as multas propostas polos EUA contra o Irám polo seu programa nuclear.

Os motivos nom confessados da China

Apesar de a China reconhecer o valor geoestratégico do Irám como umha peça-chave no seu projeto da Cintura Económica da Rota da Seda, e precisar das suas imensas reservas energéticas, a negativa de Pequim é devida a que:

- A China é o principal beneficiário da nova viragem na política exterior dos EUA, que converte a Rússia e Irám nos seus inimigos imediatos, e detém a doutrina Obama do "Regresso à Ásia" ou "Reequilíbrio" para conter a China. Daí que nom lhe interesse dirigir a ira da Casa Branca para a OCS. Além disso, a sua relaçom comercial com os EUA chega a 660.000 milhons de dólares.

- A China nom quer aumentar o peso da Rússia dentro da OCS, deixando um Irám demasiado próximo de Moscovo entrar. Teme que Vladimir Putin utilize a organizaçom e a carta do Irám para se enfrentar à crescente ameaça da NATO nas suas fronteiras.

- A olhos do Ocidente e dos árabes, integrar o Irám nestes momentos significaria "politizar" a OCS, e tomar partido nos conflitos político-militares em favor do Irám.

- A OCS iria ver-se obrigada a reagir militarmente se houvesse umha guerra contra o Irám. E agora a China prefere esperar e ver.

- Para tranquilizar a Arábia Saudita, arqui-inemigo do Irám, e o segundo fornecedor de petróleo à China após Angola. A visita do rei Salmam a Pequim no mês de março passado significou 65.000 milhons de dólares em acordos económicos e comerciais.

- Fazer um piscar de olhos a Israel, polos 12.000 milhons de dólares que valem as suas relaçons comerciais, e porque é um candidato a ligar a China e a sua Nova Rota da Seda Chinesa ao Mediterráneo, agora que a opçom Síria está perdida.

- Agudizam-se as divisons no seio do poder iraniano, provocando incerteza sobre o seu futuro. O chefe do Estado, o ultraconservador Ali Jamenei, já nom oculta as suas discrepáncias com o presidente Rohani, quem propom certas reformas com o fim de salvar a República Islámica de umha profunda crise política e económica e assim evitar umha eclosom social. Por sua vez, a façom da extrema-direita pró-ocidental, feliz de ver a China bater com a porta ao Irám, pede maior cooperaçom do governo com os países mussulmanos (na sua maioria, neoliberais e aliados dos EUA) e afastar-se dos estados "nom mussulmanos" como a China e a Rússia. Será que os países centroasiáticos que nom há muito faziam parte da Uniom Soviética nom som mussulmanos?

- Temor a que o prosselitismo xiita da República Islámica choque dentro da OCS com os governos seculares sunnitas da Ásia Central. De facto, Tajikistám (país que fala persa e o escreve em cirílico) foi muito crítico com Teerám por convidar o clérigo Mohioddin Kabiri, líder do Partido Islámico, presente na lista terrorista deste bloco. E acontece que entre os princípios da OCS está a luita contra as "Três Más": terrorismo, separatismo e o extremismo religioso.

OCS: ilusom e realidade

O "Triángulo de ouro", umha suposta e imaginária aliança entre a China, Rússia e Irám, foi inventado por dous setores: por quem sofre o agressivo unilateralismo dos EUA e se sente aliviado ao pensar que existe um contrapeso ao império, e polos teóricos do "Choque de civilizaçons" que com o fim de justificarem as intervençons militares da NATO, anunciárom a existência de um Eixo-Oriental "nom civilizado", composto polos cristaos ortodoxos, budistas e mussulmanos, unidos para conspirarem contra o "ocidente judeocristao". Bom, incluírom os judeus para colocar Israel entre os segundos.

A China que gere os seus interesses utilizando a "acupuntura" em vez do método norte-americano de "ataques quirúrgicos", tivo os seguintes objetivos ao criar a OCS:

- Desmilitarizar as fronteiras sino-russas e reduzir o conflito ao longo dos seus limites com os estados da Ásia Central.

- Aceder ao espaço "ex soviético", aos seus imensos recursos naturais, e aos seus grandes mercados.

- Abordar o problema da expansom do fundamentalismo islámico.

- Luitar contra o tráfico de droga, e

- Formar um clube energético.

Em troca, a Rússia procura na OCS e outras estruturas multilaterais fortes interesses mais políticos do que comerciais: a aliança euroasiática permite-lhe recuperar a sua influência nas republicas ex soviéticas, conter o avanço solitária da China por esta regiom, proteger a segurança das suas fronteiras e afastar à NATO. De facto, um dos objetivos dos EUA para ocupar o Afeganistám em outubro 2001, a pretexto do 11S, foi neutralizar a OCS formada em julho do mesmo ano, que parecia ser o embriom de um novo Pacto de Varsóvia. A OCS enfrenta umha crise de identidade: nom é umha aliança militar como a NATO, nem é umha aliança política-económica como a Uniom Europeia, e certamente nom é umha sociedade "anti-imperialista".

O mapa de aliança da zona muda: EUA perde o Paquistán (o detonante foi a montagem de "matar" Bin Laden em Abot Abad) e a China assegura o fluxo terrestre de energia a partir da Ásia Central, agora que aumenta a tensom no Estreito de Malaca e o Estreito de Ormuz, por onde recebe grande parte do petróleo que consome. A entrada do Paquistám e da Índia na OCS facilita aos seus governos o controlo sobre os grupos terroristas e traficantes de droga, bem como o acesso direto da China ao oceano Índico.

O Irám, em vez de ingressar em blocos políticos, deve criar um clima de confiança com todos os seus vizinhos, reativar o Movimento dos nom Alinhados a favor da paz na regiom, ficar como estado tampa entre "ocidente e Oriente" e nom esquecer o provérbio persa que reza: "Ninguém acalmará a comichom das tuas costas a nom ser as unhas dos teus próprios dedos".

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