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Diário Liberdade
Domingo, 17 Dezembro 2017 17:36 Última modificação em Sábado, 23 Dezembro 2017 17:50

Atribulações de Trump podem estar acabando

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País: Estados Unidos / Resenhas / Fonte: Asia Times

[MK Bhadrakumar, Tradução do Coletivo Vila Vudu] A investigação em curso, chefiada pelo Procurador Especial do FBI Robert Mueller, sobre uma suposta interferência dos russos nas eleições dos EUA está fazendo água. O papel do FBI e do Departamento de Justiça no serviço sujo de tentar eleger Hillary Clinton fora das urnas em novembro passado já não pode ser varrido para baixo do tapete.

Os e-mails trocados entre o importante agente do FBI Peter Strzok e uma advogada do órgão, Lisa Page, que trabalhava nas eleições de 2016 (além de viver um caso extraconjugal), sugere que os eventos foram ativamente insuflados, com zelo messiânico, para garantir que Hillary fosse eleita, fosse como fosse– e, também muito importante, que Trump perdesse a eleição. E provavelmente mantiveram reuniões 'em casa' com o então n.2 do FBI, Andrew McCabe, hoje diretor interino, que na sequência escolheu Mueller como conselheiro especial.

O mesmo pessoal parece ter usado o álibi do infame "dossiê" anti-Trump compilado pelo ex-espião britânico Christopher Steele (missão que lhe foi dada pela campanha de Clinton), para obter um mandado em meados de 2016, de uma corte federal secreta, para vigiar um funcionário da campanha de Trump – apesar de o FBI ter desqualificado o trabalho de Steele como "obsceno e sem qualquer prova do que diz" em depoimento ao Congresso.

O projeto de pesquisa da campanha de Clinton (o chamado 'dossiê' de Steel) envolveu uma analista russa, casada com o vice-advogado-geral do Departamento de Justiça de Obama. Surgiram graves questões sobre o papel do FBI de Obama e do Departamento de Justiça de Obama – grave uso indevido da máquina oficial para inflar a campanha de Hillary. Pois com tudo isso, Mueller parece absolutamente indiferente a esse desagradável aspecto tão inextricavelmente ligado à suposta interferência 'dos russos'.

Além disso, há o show lateral sobre a investigação dos emails. O grande juri teve acesso impedido a provas materiais; o Departamento de Justiça colaborou com advogados de Defesa de Hillary para impedir que o FBI examinasse provas de material digital (e garantiu imunidade a suspeitos) além de violar regras éticas e legais estabelecidas. E a declaração do FBI absolveu Hillary 'preventivamente', muito antes de a investigação estar completa, com testemunhas oculares que ainda nem haviam sido ouvidas.

Ainda mais importante, houve aquele famoso encontro 'no aeroporto' entre a advogada-geral de Obama Loretta Lynch e o marido de Hillary, Bill Clinton, apenas poucos dias antes de a esposa dele sentar para ser (superficialmente) entrevistada pelo FBI, depois do que o diretor da agência anunciou a decisão de não acolher a acusação contra Hillary.

Aproxima-se o clímax... surpreendente

A situação é realmente kafkaeana. O candidato adversário do presidente que perdeu as eleições de 2016 aparentemente tem muito mais influência para mobilizar o establishment em Washington. Como é possível? Trump está pagando muito caro por ter vencido as eleições? Aproxima-se um clímax surpreendente, de tirar o fôlego. Não parece provável que Trump demita Mueller por ter julgado com preconceitos a favor de um dos lados. E Mueller tinha o dever de declarar-se impedido. 

Não seria fácil encontrar advogado de renome nos EUA que Bill Clinton não tivesse conhecido ou com o qual não se tenha relacionado ao longo de sua extraordinária carreira política, para chefiar uma investigação dramaticamente importante sobre atividades da mulher do ex-presidente. Mas se a possibilidade de investigação completa raia no horizonte, sempre emergirá imediatamente a fórmula para uma trégua.

A comunidade internacional tem muitos interesses apostados no resultado do imbróglio 'eleitoral' nos EUA. De agora até março viveremos tempos muito excitantes. Se até março – quando não há dúvida alguma de que o presidente Vladimir Putin obterá mais seis anos de pleno poder para governar a Rússia – for declarado um cessar-fogo na guerra civil que devasta os EUA, ainda será talvez possível um recomeço nas relações Rússia-EUA, e a política mundial poderá mudar de curso.

Qualquer velho observador da política do Kremlin sentiria nos próprios ossos que as observações amistosas sobre Trump, que a liderança russa tem feito nos últimos dias, de modo algum seriam simples polidez. Numa entrevista pela televisão, em rede nacional, o primeiro-ministro Dmitry Medvedev elogiou Trump:

"Quanto à impressão que [Trump] passa, é uma figura de político bem-intencionado, que quer estabelecer contatos plenos e entende adequadamente absolutamente tudo."

Apenas uns poucos dias antes, a avaliação feita pelo próprio Medvedev era de que as atuais tensões entre Rússia e EUA são comparáveis às dos anos 1980s.

Importante também, Putin elogiou abertamente Trump, ao fazer referência ao bom desempenho econômico dos EUA – também durante uma conferência de imprensa transmitida em rede nacional, na 5ª-feira. Isso, quando os sentimentos anti-EUA estão em alta na Rússia. Putin, em particular, poderia facilmente ter batido na tecla do 'anti-norteamericanismo' para impulsionar as próprias chances eleitorais. Pois fez exatamente o oposto.

Ambos, Medvedev e Putin podem ter sinalizado (com um olho em Washington) para o povo russo, que há pensamento novo no Kremlin a respeito da trajetória futura das relações com os EUA.

De fato, Trump imediatamente captou as palavras lisonjeiras de Putin e telefonou ao presidente russo imediatamente, para agradecer a ele pessoal e diretamente. E isso apesar de o Conselheiro de Segurança Nacional de Trump, HR McMaster, ter dito semana passada que a Rússia de Putin é potência incorrigivelmente revisionista, integralmente obcecada com tumultuar a ordem internacional.

Mais importante, o Kremlin moderou sua posição sobre Jerusalém; sinal disso é que os russos distanciaram-se da posição turca – embora a declaração do Ministério de Relações Exteriores da Rússia do dia 7/12 tenha sido bastante crítica contra a decisão de Trump. Na 5ª-feira, o porta-voz do Kremlin falou por enigmas e recusou-se a se explicar.

Canais que se movem por trás das cortinas parecem estar operando entre Moscou e Telavive por um lado, e entre Telavive e Washington pelo outro lado. O cálculo do Kremlin para Israel é altamente complexo. Há muitos elementos ativos – o lobby judeu que trabalha entre as elites russas, oligarcas poderosos, o papel de russos étnicos na política de Israel, a percepção, em Moscou, de que Israel tem voz muito ativa nas políticas dos EUA no governo Trump, etc.

É verdade que o interesse dos próprios russos vem sempre em primeiro lugar e lá permanece em qualquer situação analisada, e o Kremlin tem motivos para esperar de que Israel possa levar os EUA a corrigirem suas políticas para a Rússia. Não há dúvidas de que o telefonema amistoso de Trump a Putin, na noite passada, foi gesto extraordinário, na véspera de o presidente norte-americano expor sua nova estratégia de segurança nacional.

Tudo isso considerado, a investigação de Muller sobre a interferência dos russos na eleição de 2016 pode mudar fenomenalmente o clima nas relações EUA-Rússia.

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