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Diário Liberdade
Segunda, 11 Junho 2018 05:07 Última modificação em Sexta, 15 Junho 2018 20:01

O 'ocidente' já era

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/ Resenhas / Fonte: Moon of Alabama

[Tradução do Coletivo Vila Vudu] Reuniões de cúpula do G-7 deveriam simbolizar "o ocidente", a unidade e o poder do "ocidente". Reuniões de cúpula sempre conseguiram fingir que definiam e fixavam os rumos políticos para o mundo.

Sinto-me feliz só de ver que já não dão em nada. Morreram.

Não sei quem criou essa imagem. É uma intervenção numa foto do fotógrafo da equipe da chanceler Merkel da Alemanha Jesco Denzel publicada na conta dela em Instagram.

A ideia teria sido mostrá-la sob luz favorável? Não é imagem parecida com essa outra?

Outra imagem daquele momento mostra os vários chefes de Estado redigindo alguma espécie de declaração conjunta e discutindo formulações.

Trump rejeitou a declaração da cúpula:


O lado norte-americano rejeitou a frase "ordem internacional legal", apesar de nunca faltar em declarações desse tipo, segundo duas pessoas com acesso às deliberações. Europeus e canadenses estavam recuando, mas ainda não se sabia com certeza se o governo Trump afinal assinaria a declaração, ou se ficaria sozinho.

Trump obviamente não tinha vontade alguma de se comprometer. Não assinou. Não é homem que se renda a "leis". Nem às que os próprios EUA algum dia inventaram.

Antes da reunião, Trump trolou os aliados e convidou a Rússia a voltar ao formato G-7/G-8, sem condições. A Rússia foi excluída depois que a Crimeia escolheu ser reintegrada à sua pátria-mãe. Merkel, que negociou o acordo de Minsk com a Rússia, ficou possessa. Agora, quer usar esse convite como elemento para futuras negociações. (Nada mais estúpido. A Rússia não está interessada em voltar ao formato G-7/G-8.)

Há hoje muitos campos nos quais EUA e seus aliados discordam: mudança climática, acordo nuclear iraniano, comércio – para só citar os principais.

Antes de deixar a reunião, Trump outra vez usou linguajar da Máfia contra todos os demais:

Preparando-se para sair mais cedo da cúpula do G-7 em Charlevoix, Canadá, rumo a Singapura para a planejada reunião com o líder Kim Jong Un da República Popular Democrática da Coreia ("Coreia do Norte"), Trump deu um ultimatum aos líderes estrangeiros, exigindo que seus países reduzam barreiras comerciais para os UEA, ou arriscam-se a perder acesso ao mercado da maior economia do mundo.

"Eles não têm escolha. Vou ser muito honesto com vocês: eles não têm escolha" – Trump disse a repórteres numa conferência de imprensa, acrescentando que empresas e empregos deixaram os EUA para escapar de barreiras noutros países. "Vamos dar jeito nessa situação. Se não for consertado, então não negociaremos com aqueles países."

Os bate-bocas na reunião do G-7 fazem eloquente contraste com outra importante reunião que aconteceu também hoje (09), a 18ª reunião de cúpula da Organização de Cooperação de Xangai, OCX, em Qingdao, China:


Acima da linha dos arranha-céus de Qingdao, fogos de artifício iluminam os olhos dos convidados que viajaram por todo o vasto continente eurasiano até o litoral do Mar Amarelo, para a 18ª reunião de cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (OCX), no sábado à noite.

É a primeira reunião desse tipo desde junho de 2017, quando Índia e Paquistão foram integrados como membros plenos da Organização de Cooperação de Xangai. 

...

O Espírito de Xangai, de confiança mútua, benefício mútuo, igualdade, consultas amplas, respeito por civilizações diversas e a busca do desenvolvimento para todos, foi afirmado da Carta da OCX, organização regional ampla, fundada em 2001 por China, Cazaquistão, Quirguistão, Rússia, Tadjiquistão e Uzbequistão e depois expandida para oito estados-membros.

Esse fim de semana, Xi preside a reunião pela primeira vez como presidente da China – da qual participam líderes dos outros estados-membros da OCX e quatro estados observadores, além dos presidentes de várias organizações internacionais. 

...

A OCX cobre hoje mais de 60% da extensão terrestre da Eurásia, quase metade da população do planeta e mais de 20% do PIB global.

Dois 'realistas' norte-americanos, Henry Kissinger e Zbigniew Brzezinski, sempre alertaram que o 'ocidente' cuidasse para manter separadas China e Rússia, se aspirasse a conservar a posição de liderança global. Nixon foi à China para fazer isso.

Anos depois, os EUA deixaram-se seduzir pelo mito de que teriam 'vencido' a Guerra Fria. Sentiram-se invencíveis, a 'única superpotência' e arriscaram-se a 'governar tudo'. Só acordaram desse sonho depois de já terem invadido o Iraque. O poderio militar dos EUA foi espancado até virar bagaço pelos 'negros de areia' [ing. 'sand niggers'] que os norte-americanos ridicularizavam. Poucos anos depois, os mercados financeiros dos EUA estavam em cacos.

Tentativas grosseiras para 'cercar' a Rússia levaram à aliança China-Rússia que agora lidera a OCX e logo, já há quem diga, liderará o planeta. Não se verão fotos da OCX semelhantes às que se veem acima. O presidente chinês chama Putin, da Rússia, de 'meu melhor amigo'.

Na Eurásia, o 'ocidente' perdeu.

Os EUA são como ginasiano obcecado com provocar os outros, que se põe a espancar os membros da própria gangue, porque suas vítimas 'de sempre' cresceram demais.

Trump está a caminho de Singapura para reunir-se com Kim Yong-un. Diferente de Trump, o supremo líder da República Popular Democrática da Coreia do Norte estará bem preparado. É provável que Kim, bem preparado, apenas espere: se Trump vier combullying, com provocações, como provoca seus 'aliados', Kim levanta-se e vai-se. Diferente dos 'aliados' dos EUA, não precisa fazer reverências a nenhum Trump. Kim sabe que tem China e Rússia a lhe cobrir a retaguarda. Essas são as grandes potências que sabem liderar o mundo.

O 'ocidente' já era. O futuro está a leste.

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