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Diário Liberdade
Segunda, 03 Julho 2017 15:43

Carta aberta a Cristina Fernández de Kirchner

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Ilka Oliva Corado

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No dia em que você esteve em Arsenal, enquanto falava às multidões, eu dirigia pelas ruas de Chicago, estava no trabalho e minha empregadora havia me enviado para fazer as compras, liguei o fone de ouvido no celular e escutei pelo Facebook sua reivindicação política; tive que estacionar de emergência quando você se apresentou ao jovem boliviano que trabalhava no corte de verduras; chorei como uma criança, senti que com isso você prestigiava todos os jornaleiros de todos os tempos. Em seu olher de imigrante se refletia os anseios de milhares, também os meus. Só os imigrantes sabemos o que é viver em casa alheia. E nem te falo sobre os indocumentados, estou há 14 anos vivendo sem documentos nos Estados Unidos e trabalhando nos mil ofícios. O que me quebrou foi te ver, junto a ele, de igual para igual, chamando-o por seu nome, como ser humano, como ser de mudanças, e você aí com um projeto de governo e de sociedade que trate todos por igual com os mesmos direitos e oportunidades de desenvolvimento, esse foi um ato de consequência política e humana.


Queria escrever sobre o teu pronunciamento em Arsenal mas não o fiz até a sexta-feira 23 de junho, e o texto se chama “Cristina y su terquedad de yegua”, eu queria contar que no meu povoado natal ser “égua” é uma honra e, com isso, te honrar. Nunca imaginei o alcance que teriam essas letras, recebi centenas de mensagens de leitores argentinos que te amam e que agradecem esse texto. Entre os que me escreveram, alguém me disse que poderia fazer chegar a tuas mãos alguma mensagem que eu quisesse te enviar. Bom, você não me conhece mas não aceito tratamento preferencial, não seria justo, então decidi te escrever essas linhas e que cheguem a você quando tiverem que chegar, porque estou segura que chegarão a seu destino.

Nasci na Guatemala, no departamento de Jutiapa, no município de Comapa, no leste, e cresci em uma fazenda, vendendo sorvetes no mercado, uma fazendo a qual defino como meu grande amor, porque deu raízes profundas à minha vida e é a medula espinhal da minha visão política, se chama Ciudad Peronia.

O que tem a ver uma guatemalteca vivendo nos Estados Unidos com a política argentina? Bom, a Pátria Grande é uma só, sem fronteira, e graças a você e a Evita eu me sinto argentina e seu que um dia, mais cedo que tarde, irei caminhar pelas ruas empoeiradas da América do Sul que tanto amo.

Quero te dizer que, como milhares de mulheres na América Latina e no mundo, me sinto honrada de estar vivendo este tempo e ser contemporânea de uma mulher que reescreveu a história da Argentina e da mulher na política latino-americana. Com todas as condecorações você deveria estar descansando, mas decidiu seguir pelo caminho mais íngreme, como sempre, apostando na diversidade para conseguir de novo abraçar as utopias e convertê-las em sorrisos e alegrias nos rostos dos mais oprimidos das classes sociais.

Te escrevo essas letras com admiração e agradecimento, você é um dos meus grandes amores, porque me faz sonhar com um mundo mais humano, em que todos sem distinção sejamos vistos como iguais.

Não acredito que a vida me dará a oportunidade de te conhecer pessoalmente, mas pelo menos estou segura que estas letras vão chegar a você, e sinta com elas o amor, o agradecimento, a admiração e a convicção de milhões de pessoas ao redor do mundo, que te amamos. Porque pessoas como você se ama com toda a alma e é natural porque amor com amor se paga.

Vamos voltar a te ver presidenta da Argentina, e retumbarão os mares e os crepúsculos cor de flor de fogo destilarão poesia, e vamos celebrar novamente os dias felizes. Porque voltarão, voltarão. E teu nome, que já está escrito na história, passará de boca em boca, de geração em geração, como um mito e uma proeza de uma mulher que se atreveu a fazer pátria.

Estou às suas ordens, minha linda presidenta.

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