Para melhor compreender o que significa, em termos sociais e econômicos a democracia capitalista reconhece os direitos humanos e garante os privilégios da classe dominante. Corresponde, no reino animal, ao estranho "ornitorrinco" que existe na Austrália e na Tasmânia. Tem uma pitada de cada interesse, por mais contraditórios que sejam.
O bichinho tem pelo, bico de pato, bota ovo e amamenta sem ter mamilos, chega a viver 17 anos se o protegerem. Assim é a social-democracia. O povo não pode tirar o olho de cima, para evitar que desapareça.
No planeta em que vivemos, por enquanto existem experiências na construção do sistema socialista - Cuba, China, Vietnam, Coreia do Norte e Laos - que conseguiram desenvolver os países com maior igualdade de direitos sociais para todos os cidadãos, sempre condicionados pelo capitalismo no relacionamento externo. E convivem com os "ornitorrincos" como podem, improvisando soluções que permitem o equilíbrio, sempre com otimismo sem deixar ser realistas.
A elite imperialista que controla o sistema através do capital e das ações militares prossegue a sua política de bloqueios e de intimidação e, como simboliza o presidente Trump, ameaça com "fúria e fogo" para travar as iniciativas de solidariedade e de apoio às nações mais frágeis. No entanto, as crescentes ameaças revelam uma crise sem precedentes da política financeira que está centralizada nos bancos, desestabilizam os países conservadores do capitalismo social-democrata onde a conscientização dos trabalhadores se manifesta contra os privilégios impeditivos da verdadeira igualdade de direitos. Surgem formas progressistas que buscam atender democraticamente às necessidades populares ao contrário das exigências das elites enfraquecendo-as apesar das ameaças.
Com o fim do bloqueio contra Cuba, declarado "inútil" pelo ex-presidente Obama, 75 paises entraram em contacto com a Ilha revolucionária para estabelecer laços comerciais e de troca de conhecimentos. Nas áreas científicas e técnicas, no inicio de 2018, a União Europeia assinou em Cuba um protocolo de parceria. Isto demonstra que existem características multipolares dentro do sistema capitalista que pretendem um convívio fraterno com as experiências socialistas.
As nações mais pobres querem aprender como Cuba superou o subdesenvolvimento herdado de uma colonização expoliadora que foi a causadora das suas próprias misérias. Mesmo as nações mais ricas do continente Europeu precisam conhecer o caminho que Cuba seguiu para levar toda a população a frequentar escolas formando a mão de obra necessária para desenvolver a educação e mais a produção agrícola e industrial em todo o país, e formar os quadros universitários que assumiram as funções no Estado que alcançou um nível de organização invejável. Têm de reconhecer, como demonstram os estudos da ONU, que Cuba está à frente de nações ricas na defesa do seu povo, pondo fim à fome, ao analfabetismo, impulsionando a criatividade da sua gente na produção industrial e no aproveitamento dos produtos naturais para a alimentação, na elevação do nível da saúde e da formação cultural, na garantia dos recursos de habitação e emprego para todos.
Enquanto os defensores do capital multiplicam as imagens de riqueza com alta tecnologia, muitas luzes e som alto, as pessoas normais se dão conta de que lhes falta sossego, tranquilidade para apreciar a beleza natural e a arte. Começam a dar atenção ao ser humano, inclusive ele próprio, e decidem conhecer a simplicidade cubana onde encontram um produto, escasso no "mundo desenvolvido", que é a fraternidade e a disposição de lutar pela pátri e por uma democracia sem contradições de classe.
O território brasileiro é bastante rico em terras, minérios, gado, além de ter mão de obra competente para transformar os produtos naturais em industriais de boa qualidade devido aos conhecimentos tecnológicos e científicos que concorrem com os dos países mais desenvolvidos. E, não se pode esquecer, este patrimônio pertence a todos os brasileiros, pobres e ricos. O problema nacional não está na capacidade de desenvolvimento mas sim na cobiça de alguns que trabalham no sentido da desnacionalização das empresas e da associação com estrangeiros ligados ao capital financeiro e às multinacionais para impor o agro-negócio que polui o mundo com tóxicos e escravisa os trabalhadores sem qualquer princípio humanista.
No sentido de se definir um projeto de desenvolvimento será necessário superar a dinâmica existente que aponta para uma "regressão colonial", como diz o professor Luiz Bernardo Pericás (artigo "Desnacionalização e Violência", Jan/2018, blog Boitempo).
"Não há nenhum projeto para levar o Brasil a superar seus dilemas históricos e fazer avançar um processo de desenvolvimento autônomo e soberano, com a elevação material, intelectual e cultural da maior parte da população. Pelo contrário, temos uma dinâmica econômica baseada na desindustrialização, na desnacionalização e na privatização, no fim dos assentamentos rurais, na reconstrução da estrutura fundiária, na desestatização e no aumento dos oligopólios e transnacionais em nosso território".
Fonte: Vermelho.