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Diário Liberdade
Terça, 03 Julho 2018 21:29 Última modificação em Sábado, 07 Julho 2018 12:18

Campos de concentração nos EUA

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António Santos

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Nos EUA, onde boa parte do sistema prisional é negócio privado, a repressão e o aprisionamento da emigração ilegal é igualmente um chorudo negócio. De costa a costa estão a ser construídos campos de concentração. A emigração, nos EUA como em outros países, é mais um pretexto para eliminar direitos e para aumentar ainda mais a exploração e a precariedade dos trabalhadores, sejam eles legais ou ilegais.


ICE em inglês é gelo e é também uma sigla para calafrios de verdadeiro terror. O Serviço de Imigração e Controlo Aduaneiro (U.S. Immigration and Customs Enforcement) leva a cabo centenas de redadas diárias contra os imigrantes nos EUA em situação irregular. Se, em 2017, o número de imigrantes detidos aumentou 30 por cento, para 143 mil, calcula-se que no que já vai deste ano, o aumento de detenções seja de 140 por cento.

Apoiado nas declarações incendiárias e racistas de Trump, que diariamente se refere à «infestação» de imigrantes que, garante, «são animais, não são pessoas», o ICE transformou-se numa indústria de terror em massa. Todos os dias sucedem-se as detenções: nos locais de trabalho, como no dia 19, quando 146 operários foram detidos pelo ICE numa fábrica de empacotamento de carne do Ohio; nas escolas, onde as crianças são algemadas à entrada sob o ladrar dos cães; nos tribunais, onde testemunhas e denunciantes são enganados por agentes do ICE que se fazem passar por advogados; nos templos, por agentes disfarçados de clérigos ou em qualquer rua ou em qualquer avenida onde caiba uma mega-operação.

euaimTodas estas técnicas constam do «Manual de Operações Dissimuladas» do ICE filtrado na semana passada e divulgado na Internet. O manual de 227 páginas, que conta com um capítulo inteiro sobre «técnicas de indução de actividades criminais», autoriza os agentes à paisana a traficarem droga e seres humanos de forma a criar condições propícias para a deportação de imigrantes e refere ainda a necessidade de «infiltrar organizações religiosas, políticas, jurídicas e de comunicação social». Proibidos estão apenas os «assassinatos, assaltos à mão armada e espancamentos».

O ICE é hoje uma polícia militarizada à margem da lei. Os seus agentes, que já não precisam de mandatos judiciais para fazer buscas, poderão em breve deportar imigrantes sem passar por qualquer tribunal, abrindo a porta para que qualquer cidadão estado-unidense possa ser detido e deportado para qualquer parte do mundo sem que o ICE sequer tenha de provar que essa pessoa é imigrante.

Para este efeito, estão a ser construídos campos de concentração de costa a costa. Segundo um memorando da Marinha dos EUA publicado na sexta-feira, serão construídos dois novos «centros de detenção» com capacidade para 47 mil pessoas na área da baía de São Francisco e entre Los Angeles e San Diego.

Mas se o ICE é o terror de milhões de trabalhadores, é também a mina de ouro de uma mão-cheia de capitalistas. Só duas empresas, a GEO Group e a CoreCivic controlam 60 por cento do negócio da detenção de imigrantes, do transporte à logística, passando pela construção e pela segurança, contratos públicos que só em 2017 valeram dois mil milhões de dólares em lucros.

Mas a detenção prevista de milhões de imigrantes não serve só para encher os bolsos a meia dúzia de amigos de Trump, pretende rebaixar os salários através da instalação de um clima de terror e ensaiar as técnicas repressivas que, mais tarde, poderão ser usadas contra o resto da classe operária dos EUA.

*Este artigo foi publicado no “Avante!” nº 2326, 28.06.2018

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