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Diário Liberdade
Sábado, 12 Outubro 2019 17:37

Andar para a frente é com a luta

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Bruno Carvalho

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É uma evidência, e não uma análise, que a CDU teve o seu pior resultado de sempre em eleições legislativas, depois dos piores resultados de sempre em presidenciais, em autárquicas e em europeias.


Estes processos não podem, pois, ser vistos separadamente porque se dão de forma consecutiva e num espaço de quatro anos que representou um quadro substancialmente diferente daquele que houve até hoje no nosso país depois do período revolucionário. Mas esta é uma tarefa que não cabe certamente aos comentadores televisivos ou outros.

Ao contrário do retrato pós-eleitoral que se faz do PCP sempre que há uma derrota eleitoral, o comunicado do Comité Central apresenta algumas das possíveis causas externas que terão levado aos resultados negativos, que serão, certamente, submetidas a um balanço colectivo, e aponta que para além das razões enumeradas, “tal não significa a não consideração de insuficiências e debilidades de natureza diversa que importa avaliar, corrigir e superar”. Essa avaliação, correcção e superação cabe agora ao colectivo partidário no seu conjunto.

É dentro do partido que se discute a organização e as suas orientações e é precisamente o que deve acontecer, nos termos apresentados por Álvaro Cunhal no Partido com Paredes de Vidro, um debate fraternal, aberto, incluindo à crítica e à auto-crítica, com espaço para todas as opiniões, no qual se dá o mesmo peso a todos os militantes. Num partido comunista, não é o excesso mas a ausência de debate que enfraquece a força de um formigueiro que se quer unido, coeso e capaz de avançar num caminho escolhido por todos. Esta é, contudo, a realidade dos partidos que alicerçam a política de direita em Portugal e aos quais nunca ninguém ousou questionar a falta de debate interno. Os congressos servem, sobretudo, para consagrar o líder. No caso dos comunistas, o órgão máximo do partido, serve para analisar a realidade, traçar a linha de acção e eleger a direcção. É neste contexto que o congresso do PCP a realizar-se no próximo ano se assume como palco privilegiado da discussão interna com o dever de cada militante de reforçar a reflexão sobre os caminhos a seguir com a sua intervenção própria.

É um facto que a Assembleia da República fica mais pobre sem deputados como a Carla Cruz, o Bruno Dias, a Rita Rato, o Miguel Tiago, a Heloísa Apolónia e o Jorge Machado. Pela experiência e capacidade de trabalho, perdem os comunistas, os trabalhadores e o povo, sem dúvida. Contudo, de nada servem deputados de esquerda se não estiver presente a força dos trabalhadores em luta. É bom não esquecer que, na mais absolutamente clandestinidade, a força do povo conseguiu, em aliança com as forças armadas, com o partido na linha-da-frente, a revolução que derrubou a mais longa ditadura da Europa.

Se a política é decidida nos corredores que ligam partidos como o PS, o PSD e o CDS-PP às sedes dos grandes grupos económicos e políticos, a nossa política tem de ser decidida no confronto com os que enriquecem à custa do nosso trabalho. Com menos deputados comunistas, a voz que que dá eco a essas lutas é obviamente menos forte. As eleições são um importante termómetro social mas não podem ser obstáculo ao avanço da luta de massas, dentro das condições objectivas e subjectivas existentes, porque um partido comunista que se sujeite a agendas eleitoralistas está condenado a definhar e a abandonar os objectivos para os quais foi criado. Que descansem as mãos dos que estão prontos a passar-nos a certidão de óbito pela centésima vez. Continuamos a querer o assalto aos céus.

Fonte: Manifesto 74.

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