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Diário Liberdade
Quinta, 14 Julho 2016 20:07

Filmar um crime não é crime

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Amy Goodman

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Por Amy Goodman e Denis Moynihan

Protestos contra a brutalidade policial têm balançado o país como consequência dos assassinatos cometidos por policiais de dois homens afro-americanos, Alton Sterling na Louisiana e Philando Castile em Minnesota. Vídeos de suas mortes foram compartilhados na internet, deixando milhões de pessoas pelo mundo horrorizadas. No entanto, cada vez mais pessoas que registram a violência policial estão sendo visadas, assediadas, detidas e até encarceradas.


Em 5 de julho, Alton Sterling estava vendendo CD's na frente da loja de conveniências de um amigo em Baton Rouge (Los Angeles), quando ele foi detido pela polícia e morto a tiros. Abdullah Muflahi, o dono da loja, registrou a execução em seu celular. Ele descreveu a cena no Democracy Now!:

“Eu comecei a filmar... o tempo inteiro ele perguntava a eles: 'O que eu fiz de errado? O que está acontecendo? Eu não fiz nada de errado'.”

Muflahi continuou: “No momento em que eu saí da loja eles já estavam batendo nele em cima de um carro e disparando com a arma de choque. Logo outro oficial correu e o imobilizou em uma SUV, então os oficiais bateram nele no chão”.

Alton Sterling estava de costas, no chão, com dois oficiais brancos fortes da polícia de Baton Rouge o imobilizando. O policiais atiraram em Alton Sterling a queima-roupa, matando-o.

Muflahi explicou: “Depois dos tiros, um dos policiais que estava lá, eu não tenho certeza do que ele disse, mas o outro oficial que estava perto de mim disse: 'Apenas para ele. Apenas deite ele aqui'”, dizendo sobre o Sr. Sterling. “Então eles me agarraram e me colocaram na traseira do carro de polícia.”

Muflahi ficou detido durante seis horas, seu celular foi confiscado, e a polícia, sem mostrar uma autorização, confiscou o sistema de câmeras de segurança e o equipamento de gravação da loja. Abdullah Muflahi está processando a polícia.

Um casal em um carro próximo ao acontecimento também gravou um vídeo. Chris LeDay, um veterano da Força Aérea de Baton Rouge e agora residente em Atlanta, pegou o vídeo. Ele é um músico que construiu uma significante mídia social de seguidores. “Quando eu fiz o vídeo, a principal coisa que eu queria fazer era só colocá-lo na rede, porque foi claramente um caso de assassinato a sangue frio”, disse LeDay ao Democracy Now!. “Eu queria expor aquilo para todos verem, então aqueles policiais poderiam parar de ficar longe desse tipo de provação.”

O vídeo se tornou viral, e logo depois Chris DeLay foi preso. Ele trabalha na instalação da Reserva da Força Aérea dos EUA em Dunwoody (Geórgia). Enquanto estava entrando na base, ele foi detido. Quando perguntou por que estava sendo preso, eles disseram que ele “se encaixa no perfil”. Quando ele perguntou que perfil, eles não disseram. Este afro-americano de 1,90m e 122 kg e veterano da Força Aérea estava apavorado. Ele disse ao Democracy Now!:

“Após cerca de 30 minutos, eu vi todos aqueles policiais extras chegando. Mais e mais policiais apareceram. Então eu decidi agir com as minhas próprias mãos e coloquei isso no Facebook. Eu marquei minha mãe e meu pai e deixei eles saberem. Eu disse 'Ei, vocês sabem, estou cercado de policiais neste momento, civis e militares. Eu não sei muito bem o que está acontecendo. Mas eu quero que vocês saibam que se alguma coisa acontecer eu não estou resistindo.”

Chris LeDay foi algemado, preso e mantido em uma camisa de força laranja durante 26 horas. O motivo? O não pagamento de suas últimas multas de trânsito.

Essa semana marca o segundo aniversário do assassinato de Eric Garner pela polícia de Staten Island (Nova Iorque). Em 17 de julho de 2014, após um policial aplicar-lhe um estrangulamento e outros amontoarem-se em cima dele, Eric Garner gritou “eu não posso respirar” 11 vezes antes de morrer. Nós sabemos tudo isso só porque um espectador, Ramsey Orta, filmou todo o ataque em seu celular. O vídeo viralizou. Nove policiais envolvidos foram responsabilizados por sua morte.

Ramsey Orta nos disse que a polícia o avistou e perseguiu imediatamente após o vídeo ter sido publicado. Durante uma de suas detenções, ele disse que eles disseram a ele: “Vocês nos filmou, agora nós vamos filmar você”. Ramsey Orta firmou um acordo judicial que vai enviá-lo à prisão por quatro anos sob acusações não relacionadas – tornando-se a única pessoa no local do assassinato de Garner que vai ficar na prisão.

Filmar um crime não é um crime. É um serviço público. A perseguição policial contra cidadãos que fornecem evidências em vídeo da brutalidade policial tem que parar.

Fonte: Democracy Now!

Tradução: Diário Liberdade

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