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Diário Liberdade
Segunda, 05 Setembro 2016 18:17 Última modificação em Terça, 06 Setembro 2016 04:45

Soam alarmes de emergência na América do Sul

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Ilka Oliva Corado

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"Não está em jogo meu mandato, mas sim o respeito às urnas e à vontade soberana do povo", palavras de Dilma em sua defesa perante o Senado na segunda-feira 29 de agosto. Pode-se estar de acordo ou não com o governo de Dilma no Brasil, mas o que deve ser absolutamente condenável é o Golpe à democracia.


Dilma foi eleita por 54 milhões e meio de brasileiros em pleito democrático e tirada da presidência por um grupo de senadores corruptos fiéis à embaixada dos Estados Unidos no Brasil. Fiéis às políticas de exclusão e ao monopólio das empresas transnacionais.
 
 
Não é uma simples crise política o que se vive no Brasil, é um assalto à democracia; é o regresso da impunidade e do neoliberalismo. E não é por causa da Dilma, que não nos enganem, não é por causa da Dilma nem por causa do Lula; vão cortar de um golpe as políticas de inclusão e de igualdade social que foram estabelecidas em ambos os governos. Eles querem voltar ao retrocesso e ao empobrecimento do país. É pelos avanços conquistados em matéria de Direitos Humanos, saúde, educação e infraestrutura.
Visto de qualquer ângulo e ideologia, este Golpe à democracia nos vem recordar que os Estados Unidos são capazes de tudo para conseguir dominar a região. Derrocar governos totalmente democráticos (recentemente Lugo no Paraguai e Zelaya em Honduras). Faz-nos recordar que a oligarquia sempre estará às ordens do capital. Que uns quantos estão dispostos a trair seu povo em troca da vergonha do engano.
 
Podemos ver isso claramente com a Argentina. Macri que desde o primeiro dia de seu mandato fez andar as políticas neoliberais pedidas pelos Estados Unidos; em três meses havia conseguido acabar com as conquistas progressistas de 12 anos. Ainda assim vimos que Cristina não desistiu e continua ativa politicamente junto às massas, junto ao povo que não a abandonou. Sofre uma evidente perseguição juntamente com outros líderes políticos e as Avós da Praça de Maio. Milagro Sala é uma presa política do governo de Macri e querem fazer o mesmo com Hebe, presidenta das Avós da Praça de Maio. E querem ver Cristina encarcerada também, mas não por ela, mas sim pelas conquistas e por ter empoderado o povo.
 
O que fará o povo brasileiro? Deixará que as conquistas lhes sejam arrebatadas? Permitirá que esse grupo de corruptos desvalorize seu voto? Deixará que o neoliberalismo volte ao país? Que voltem a fome, a violência governamental, as mineradoras, o desmatamento e os ecocídios? A repressão?A miséria? O clamor a partir do terror? O silencio e o espanto? Que o Brasil retroceda 40 anos?
 
É angustiante o silencio da maioria dos governos da América Latina diante desse ataque à democracia. Dos governos do mundo. Guardar silêncio é sinônimo de encobrir e admitir uma agressão de semelhante magnitude à liberdade de decisão de um povo que foi às urnas e elegeu com autoridade de direito, com consciência. O que diz a OEA sobre tudo isso? Então, para que existe a OEA? Por que Estados Unidos não se pronunciou como faz constantemente a respeito da Venezuela? São evidências claras que além de faltar com o respeito à nossa inteligência natural, nos dizem com clareza que farão o que quiserem e quando quiserem. Y nós estamos permitindo.
 
O mesmo grupo de usurpadores e corruptos que tirou a Dilma com acusações falsas, porque não existe prova alguma do que é acusada, votará pela sua destituição. É mais do que sabido que a decisão final será perpetrar em cheio o Golpe para que Temer e seu grupo façam do Brasil aquilo que aconteceu com o resto da América Latina e seus governos neoliberais. Querem a cabeça da Dilma, do Lula e do Partido dos Trabalhadores para dar um escarmento ao povo e fazê-lo entender a poder de balas e de repressão que a democracia não existe e que se faz o que a direito e os Estados Unidos querem. Pois agora é que o povo brasileiro deve demonstrar do que está feito.
 
O novo modelo do Plano Condor vai de vento em popa, juízes que trabalham e decidem sob as ordens das empresas transnacionais, da oligarquia nacional e internacional e dos Estados Unidos. Um punhado de golpistas que buscam sua fatia do bolo à custa da segurança, da alegria e da vida de milhares de brasileiros.
 
A semana é decisiva, soam de novo os alarmes de emergência na América do Sul. Um ataque traiçoeiro ao governo de Evo Morales para desestabilizar o projeto progressista do socialismo na região; o assassinato de um vice ministro que também foi torturado por mineiros em uma amostra feroz do que é capaz de fazer a direita boliviana para regressar ao poder. Busca derrocar o governo popular de Evo que também foi eleito em votação democrática como Dilma, Correa, Maduro, Cristina, Chávez, Lugo, Pepe Mujica, Lula, Néstor, Zelaya.
 
Até as datas estão relacionadas, há poucos dias de diferença no Brasil, na Venezuela e na Bolívia: a ingerência dos Estados Unidos busca cortar pela raiz os governos populares e progressistas da América do Sul. Um golpe seguramente chegará para Correa dentro de tudo isso, para depois buscar agarrá-lo pelo pescoço e implementar medidas neoliberais no Equador.
 
Para quinta-feira, 1º de setembro, na Venezuela, a direita e a embaixada dos Estados Unidos esperam criar de novo o caos na população, algo que denominaram "A tomada de Caracas" que não anuncia ser uma manifestação pacífica (a da direita nunca é) e aparece como a segunda versão do massacre da ponte Llaguno, como a do 11 de abril de 2002 com o Golpe de Estado que os grupos oligárquicos mundiais quiseram dar a Hugo Chávez.
 
Um Golpe dirigido pelo embaixador dos Estados Unidos nesse momento, Shapiro, que encabeçou a operação usando o braço armado da Polícia Metropolitana e a ajuda da mídia oligárquica nas quais se incluem Venevisión e Globovisión.
 
O governo de Maduro apresentou, na noite de terça-feira, 29 de agosto, em cadeia nacional na Venezolana de Televisión o documentário "Puente Llaguno: chaves de um massacre" para recordar à população o que é capaz de fazer a direita e os Estados Unidos. Morreram 19 manifestantes, cidadãos afins ao governo de Chávez e também opositores; houve mais de 73 feridos de bala. Disparos na cabeça, no rosto e no pescoço. Franco-atiradores estrangeiros que horas depois saíram do país. Localizados em pontos estratégicos, em contubérnio com os meios de comunicação da oligarquia que encobriram esses ataques e que manipularam imagens e sons para culpar os manifestantes afins ao governo de Chávez.
 
Graças ao jornalismo independente e aos meios de comunicação comunitários soube-se a verdade e foi possível realizar esse documentário com provas irrefutáveis da emboscada feita a Chávez pela oligarquia; a mesma que agora comandada pelos mesmos atores buscar encher de sangue novamente as ruas da Venezuela. Não puderam fazer isso a partir da Assembleia Nacional e não puderam com as mentiras da OEA nem com o "clamor" dos Estados Unidos, da Espanha, e de Uribe e sequazes que pedem a gritos uma intervenção militar.
 
Que não nos enganem, não é por causa do Maduro, como em 2002 não foi por causa do Chávez, é por causa das políticas de inclusão. Por causa da mais valia, do direito a educação, à saúde, à moradia, a oportunidade do povo, das massas. É por causa dessa enorme diferença de 70% da pobreza que havia na Venezuela antes de Chávez e os 18% que há agora. Depois de Cuba, Venezuela é o país com mais igualdade social na América Latina. As 4 em cada 10 crianças que iam à escola antes de Chávez agora são 8 em cada 10; Um de cada 9 chega à universidade. Essas são as conquistas da Revolução Chavista, que não nos enganem com a questão da fome; o que existe e é latente é a guerra econômica contra o país. Mais de seis tentativas de Golpe de Estado contra Chávez e Maduro; e continuarão porque vão perseguir o povo; querem que fique de joelhos, morrendo de fome, alienado, submisso, liquidado.
 
São inumeráveis as tentativas da oligarquia latino-americana e internacional e dos Estados Unidos de derrocar os governos progressistas da América do Sul. Temos que ter presente que estão em jogo muitas coisas: a voz e o voto dos povos que participaram democraticamente. As conquistas em políticas de inclusão como nunca se havia visto no continente, pelo menos durante os últimos 40 anos, desde que o Plano Condor arrasou tudo e as ditaduras nos encheram de torturados, desaparecidos e presos políticos. O sangue que foi derramado é nossa Memória Histórica, identidade e deve ser também nossa dignidade.
 
Denunciar a injustiça deve ser nossa obrigação humana. Quanto a Dilma, não há dúvida alguma, ela não é culpada, não há que esperar que passem os anos e a história a absolva, é agora que se deve lutar pelo que tanto custou restaurar. Há um tecido social que se rompeu, há sequelas da opressão, há crianças com desejo de estudar e brincar em liberdade, têm anseios. É por elas, por elas deve ser.
 
Meu respaldo absoluto aos presidentes progressistas da América do Sul que estão vivendo o embate da injustiça imperialista. E minha lealdade à presidenta Dilma, mulher valente, inteligente, humana e orgulho da mulher latino-americana. Não puderam com ela nem torturando, muito menos poderão agora, ela é inquebrantável.
 
Quanto à Venezuela, a tomada de Caracas já foi feita pelo povo no dia em que elegeu Hugo Chávez e a Revolução é isso...
Tradução de Revista Diálogos do Sul. 
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