O aparecimento de plataformas digitais que “ligam” pessoas que detêm certos bens e serviços a pessoas que deles necessitam leva-nos a uma nova realidade social e laboral.
Em comunicado, a Comissão de Utentes dos Transportes de Lisboa assinala que “todos os dias se sucedem situações e problemas que demonstram a vertiginosa degradação do serviço público” prestado e que, recorrentemente, se assiste “à ocorrência sucessiva de ‘perturbações na linha’”.
[Rafael Silva] A linha de ônibus carioca 474-Jacaré, que liga a comunidade, ou em linguagem politicamente incorreta, a “favela” do Jacarezinho, a mais violenta da cidade, na pobre Zona Norte, ao coração rico da Zona Sul, o parque Jardim de Alah que divide os aburguesados bairros do Leblon e Ipanema, é o símbolo ambulante da “Cidade Partida” que não se cansa de se esconder atrás da máscara de “Cidade Maravilhosa”. Para o bem e para o mal, o “Rio 40°, cidade maravilha purgatório da beleza e do caos”, como canta Fernanda Abreu desde 1990, não tem como se alienar de si mesmo com o 474 recosturando diariamente as suas tão desiguais faces. Não sabemos quando a tensão entre as enormes riqueza e pobreza cariocas chegarão ao seu limite explosivo, mas pelo menos podemos ter certeza de uma coisa: essa bomba-relógio-social virá de ônibus; e qual, também não é mistério.
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